O caderno The New York Times, publicado na Folha de São Paulo desta segunda-feira (dia 9 de maio) traz matéria sobre o trabalho do fotógrafo Bryant Austin, especializado em clicar baleias (texto abaixo: A grandeza da baleia vista de perto).
Austin é fundador de uma organização sem fins lucrativos chamada Conservação de Mamíferos Marinhos por Meio das Artes, e criou 25 imagens em escala real, incluindo dois retratos completos, cada um composto de dezenas de fotos de seções diferentes do corpo das baleias.
Suas fotos já foram exibidas na Noruega, na Islândia e no Japão, países que promovem a caça à baleia. A esperança do fotógrafo é que seus retratos em tamanho natural proporcionem às plateias uma conexão emocional com esses animais, aumentando apoio à causa de acabar com a caça.
Apesar de no Brasil não haver caça a baleias, eu adoraria ver uma exposição desta por aqui. Afinal, quando o assunto é mar temos outras questões que devemos nos conscientizar, como por exemplo, a quantidade de animais marinhos que morre ou se prejudica com equipamentos de pesca ou com o lixo deixados no oceano. Basta lembrar das centenas de animais encontrados mortos (principalmente pinguins e tartarugas) nas praias da Baixada Santista no ano passado.
A grandeza da baleia vista de perto
Por YUDHIJIT BHATTACHARJEE
Numa tarde quente de verão em 2005, Bryant Austin estava mergulhando nas águas azuis do Pacífico sul perto de Tonga, olhando através de sua câmera para uma baleia jubarte e seu filhote nadando a menos de 45 metros de distância. Enquanto aguardava o momento certo, o filhote brincalhão nadou até bem perto dele, tão perto que ele teve que abaixar a câmera. Foi quando ele sentiu um tapinha leve sobre seu ombro.
Austin se virou e se descobriu olhando diretamente para o olho da baleia mãe, cujo corpo era maior que um ônibus escolar. O tapinha tinha vindo da nadadeira peitoral da baleia, que pesava mais de 900 quilos. Para Austin, o gesto da baleia era um aviso inconfundível: ele tinha chegado perto demais do filhote.
Contudo, a baleia estendera sua nadadeira com tanta graça e precisão -tocando o fotógrafo sem machucá-lo- que Austin ficou estarrecido com sua "contenção delicada".
Aquele momento mudou a vida de Bryant Austin. Ele percebeu que algo tinha ficado faltando em suas quatro décadas passadas fotografando baleias: a beleza da escala verdadeira. Austin concluiu que a única maneira de captar a magnificência das baleias seria recriar fotos delas em tamanho natural. "Eu quis recriar a sensação que tive quando olhei no olho da baleia mãe", ele explicou.
Desde então, ele vem buscando concretizar esse sonho, passando horas incontáveis na companhia de baleias. Trabalhando com cinco baleias diferentes de três espécies, ele criou 25 imagens em escala real, incluindo dois retratos completos, cada um composto de dezenas de fotos de seções diferentes do corpo das baleias.
A maior foto é um retrato de dois por nove metros de uma baleia-anã minke da Grande Barreira de Recifes australiana; os painéis que compõem a imagem pesam 272 quilos. Alguns dos trabalhos de Austin foram expostos em abril na galeria Electric Works.
Fundador de uma organização sem fins lucrativos chamada Conservação de Mamíferos Marinhos por Meio das Artes, Austin exibiu suas imagens na Noruega, na Islândia e no Japão, países que promovem a caça à baleia. Embora a caça comercial às baleias seja proibida desde 1986, esses países e alguns outros matam várias centenas de baleias por ano. A esperança de Austin é que seus retratos em tamanho natural proporcione às plateias uma conexão emocional com esses animais, aumentando apoio à causa de acabar com a caça.
Ele quer conscientizar o público sobre outras ameaças enfrentadas pelas baleias, desde as mortes causadas quando se emaranham em equipamentos de pesca até a acifidicação dos oceanos provocada pelo aquecimento global.
"As imagens são representações singulares e fiéis de seres tão imensamente diferentes de nós, mas ligados a nós pela via mamífera", disse Elizabeth Eyre, bióloga da Universidade Macquarie, em Sydney, especializada em baleias. As imagens também são notáveis por seus detalhes. "Cada parasita, cicatriz e pedaço de pele descascada é visível", disse Eyre.
Austin não leva seu barco para mais perto que três metros de uma baleia, preferindo deixar que o animal nade até seu lado. Ele usa a mesma embarcação todos os dias e se aproxima do local em que estão as baleias em velocidade baixa.
Em uma exposição em Tóquio, em dezembro passado, os retratos de Austin evocaram curiosidade e elogios, gerando a resposta emocional que o fotógrafo espera suscitar em suas plateias, segundo Kotoe Sasamori, naturalista e guia de observação de baleias japonês que ajudou a organizar o evento.