sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Clarice

"Por enquanto estou inventando a tua presença, como um dia também não saberei me arriscar a morrer sozinha, morrer é do maior risco, não saberei passar para a morte e pôr o primeiro pé na primeira ausência de mim - também nessa última hora e tão primeira inventarei a tua presença desconhecida e contigo começarei a morrer até poder aprender sozinha a não existir, e então eu te libertarei. Por enquanto eu te prendo, e tua vida desconhecida e quente está sendo a minha única íntima organização, eu que sem a tua mão me sentiria agora solta no tamanho enorme que descobri. No tamanho da verdade?"


(*trecho do livro A Paixão segundo G.H., de Clarice Lispector)

2 comentários:

Anônimo disse...

Profundo, triste, mas confortante por saber que a dor de existir não nos é exclusiva. Bjs

Anônimo disse...

Simplesmente, bárbaro...Clarisse é maravilhosa, sempre, em sua eterna busca por conhecer a si mesma, através do sentir, mais do que do "pensar". Como ela mesmo disse: " viver ultrapassa todo entendimento'...
E com essa foto perfeita de Andréa Rifer, aí e que não tem pra ninguém, é covardia...
Beijos, amiga...saudades!