segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A expansão imobiliária, a onça e a imprensa

Foto: Jonne Roriz/AE
A notícia da onça suçuarana, que invadiu a Rodovia Anhanguera na semana passada e foi atropelada, ganhou neste fim de semana um capítulo que merece destaque. Na edição de domingo, do jornal O Estado de S. Paulo, uma matéria publicada no caderno Aliás chamou atenção para um problema sério e cada vez mais comum: a expansão imobiliária que avança sobre áreas de preservação e ameaça a fauna, que não tem para onde ir.

No texto escrito de forma brilhante pelo repórter Ivan Marsiglia, toda a história da onça - a decisão de atravessar a rodovia, o atropelamento, o resgate e a recuperação do animal, que está sob cuidados da clínica do Centro Brasileiro para Conservação de Felinos Neotropicais, da Mata Ciliar, em Jundiaí – é contada como se fosse a própria suçuarana narrando.

"A travessia, nem sei como fiz. Sou ligeiro, mas a sorte ajudou. Acontece que, quando ia dar o pulo do gato por cima da mureta, uma coisa grande bateu em mim. O mundo girou, não vi mais nada. O senhor sabe que sou sujeito de coragem: até a pintada, a maioral do pedaço, respeita minha valentia. Mas confesso que fiquei com medo. Paralisado. Mais de uma hora ali, encolhidinho, até vocês chegarem. Mostrei bem os dentes, que não sou de passar recibo".

Este é apenas um pequeno trecho do texto original, que vale a pena ser lido. Um alerta, um momento de reflexão necessário e feito pela imprensa. Que bom se na imprensa, todos os dias fossem assim.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Santos está cada vez mais vertical e cara

Elas vão dominar o mundo. Em Santos, esse objetivo começou a ser colocado em prática há anos, e o resultado (cada vez mais evidente) pode ser observado numa rápida andada pelas ruas da Cidade. Para ilustrar o que (e de quem) estou falando, escolhi o bairro do Embaré. Selecionei um pequeno trecho: entre os canais 4 (Avenida Siqueira Campos) e 5 (Avenida Almirante Cochrane) e entre a Avenida Bartolomeu de Gusmão (em frente a praia) e a Rua Vergueiro Steidel (imagem 1). Somente nesta área há cinco exemplos atuais do tema ao qual me refiro.

O assunto aqui é o tal boom imobiliário, incrementado pela economia estável do País. E elas (aquelas que vão dominar o mundo) são as construtoras, que compram os raríssimos terrenos vazios (ou os que ainda mantêm casas e pequenas construções) nas regiões mais nobres da Cidade e erguem torres de altíssimo padrão.

A matemática dessa operação (uma ou duas casas a menos é igual a um prédio alto) tem resultado numa super valorização dos imóveis (inclusive os usados), cuja consequência direta é a expulsão (para as periferias ou para as cidades vizinhas) de quem não consegue se manter num lugar onde viver é cada vez mais caro.

No Embaré o boom imobiliário é uma realidade. O bairro, que já é bastante verticalizado, não pára de crescer para cima. Além das recentes torres já prontas e ocupadas, outras estão em plena construção.

Na Avenida Bartolomeu de Gusmão, um prédio será construído ao lado de um do edifício mais torto da orla (imagem 2). Para quem não sabe, Santos tem o segundo pior solo do mundo (só perdendo para a Cidade do México). Assim, na avenida da praia muitos prédios mais antigos são tortos, decorrentes de fundações pouco profundas.

A segunda obra destacada (imagem 3) não fica em frente a praia, mas com certeza terá unidades com vista para o mar. É na Rua Oswaldo Cochrane. O edifício não ocupará apenas um terreno. Antes, na área comprada, funcionavam um estacionamento e um pequeno hotel.

O terceiro empreendimento, na Avenida Dr. Epitácio Pessoa (imagem 4) é de altíssimo nível. Quando a obra for concluída, com certeza será um dos edifícios mais altos da Cidade, com mais de 100 metros de altura.

O quarto prédio fica na mesma avenida (imagem 5). No local antes existia uma casa que chegou a ser usada como comitê político. Nesta quadra, aliás, hoje há apenas um edifício, que visto do alto se destaca entre as pequenas construções habitadas ou ocupadas por comércios.

O último exemplo apontado fica na Rua Álvaro Alvim (imagem 6). A construção, cujo modelo de fundação escolhido foi o chamado bate-estaca, acabou gerando ruído em excesso (essa é outra característica do boom imobiliário) e resultou na articulação da vizinhança que protestou, recolheu assinaturas e exigiu providências da Prefeitura. Graças a mobilização dos moradores, a construtora teve que acabar de cravar as estacas no solo utilizando outro método.


As imagens que ilustram o texto foram retiradas do Google Earth (de junho de 2009). Para ver os detalhes é só clicar para ampliar

domingo, 13 de setembro de 2009

SOS Mata Atlântica monitora pesca amadora no Lagamar

A Fundação SOS Mata Atlântica está monitorando a pesca amadora em Iguape, Cananeia e Ilha Comprida,, região conhecida como Lagamar, no extremo sul do Estado de São Paulo. O projeto Mata Atlântica & Pesca, desde fevereiro, está avaliando os impactos dessa atividade sobre os recursos pesqueiros, e acumulando informações com o objetivo de traçar um plano de manejo ambiental. Até o momento mais de 6 mil peixes capturados foram avaliados.

Nunca é demais falar sobre a importância dessa região que abriga a maior porção contínua de Mata Atlântica do País, além de estuários, manguezais, restingas, praias e ilhas. Não é à toa que a área é considerada um importante berçário de muitas espécies marinhas.

Por tudo isso, diagnósticos como o que a SOS Mata Atlântica pretende fazer são sempre positivos, pois somam conhecimento e alertam para a importância da responsabilidade dos atores sobre o meio. E é exatamente neste ponto que o trabalho ganha ainda mais mérito. Como depende dos guias de pesca para coletar os dados, o projeto vem despertando nas pessoas que estão participando, mesmo antes de ser concluído, consciência sobre a necessidade de preservar esse paraíso.

Para ler matéria publicada em A Tribuna é só clicar na imagem e ampliar



quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Baixada Santista pelos olhos do Google Earth 1


O programa Google Earth é mesmo fantástico. Com imagens excelentes, por ele é possível viajar e conhecer lugares sem levantar da cadeira. Aqui, mostro um recorte do planeta: a praia de Santos, entre os bairros do Embaré e Aparecida. No meio da imagem, o traço que invade a área dos prédios é o Canal 5.

domingo, 6 de setembro de 2009

Livro mostra a beleza da Laje de Santos

Laje de Santos, Laje dos Sonhos, o primeiro livro com conteúdo todo dedicado à Laje de Santos (único parque marinho do Estado, localizado a 45 km da costa) será lançado no próximo dia 20, em São Paulo. A obra é uma oportunidade de conhecer um lugar especial da Cidade e, ao mesmo tempo, um alerta para a necessidade de preservação.

Com 10 capítulos (textos em português e inglês) e 156 fotografias, o livro é resultado de projeto da ONG Instituto Laje Viva e mostra toda a beleza e biodiversidade do local. Fotógrafos submarinos conceituados e pesquisadores participam da obra.

O projeto foi aprovado pelo Ministério da Cultura, pela Lei de Incentivo à Cultura, e tem patrocínio da Petrobras. Com edição gráfica, impressão e distribuição da Editora Globo, a obra será vendida em livrarias de todo o País, mas terá uma parte (cerca de mil exemplares) da tiragem doada para escolas e bibliotecas.

Além disso, quem tiver interesse em contribuir com a ONG, deve entrar em contato pelos sites do Instituto Laje Viva e do livro Laje de Santos, Laje dos Sonhos, para ganhar um exemplar da obra.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ela voltou

Há um ano escrevi matéria que mostrava a preocupação de especialistas com o peixe mais popular do País: a sardinha. As estimativas de capturas eram tão ruins que os mais pessimistas apostavam no colapso desse importante recurso pesqueiro. No entanto, a tendência apontada naquele momento não se concretizou e a captura do peixe atingiu o patamar de 70 mil toneladas.

Doze meses depois o que não faltam são teorias para explicar a recuperação desse importante pescado. No entanto, o mais sensato pensamento, me parece, é o que aposta no defeso (quando a pesca é interrompida, permitindo a desova dos peixes) como principal fator de mudança de cenário. Desde 2003 a pesca da sardinha fica proibida duas vezes por ano (no verão e no inverno, totalizando cinco meses).

Nesta semana escrevi mais uma matéria sobre o mesmo tema, apontando um clima completamente diferente de agosto do ano passado. Hoje o cenário para o setor sardinheiro é tão bom que ao invés de colapso, já tem gente arriscando até a falar em abundância.




Para ler as duas matérias (publicadas em A Tribuna em agosto de 2008 e de 2009), é só clicar nas imagens.