terça-feira, 2 de novembro de 2010

Luz do sol










"Quem está ao sol e fecha os olhos,
começa a não saber o que é sol.
(...)
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
de todos os filósofos e de todos os poetas".
(Alberto Caeiro/Fernando Pessoa)

Na sequência: fotos 1, 2, 3 e 4 (Morro de São Paulo), 5 (trajeto entre Maraú e Itacaré), 6 e 7 (Itacaré)/Bahia.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Livro pioneiro na luta ambiental

O best-seller O Mar Que Nos Cerca (254 páginas, vendido a R$ 36), da bióloga e escritora norteamericana Rachel Carson, finalmente chegou ao Brasil. Lançado pela Editora Gaia, o livro se tornou referência por causa do estilo agradável que a pesquisadora usava em seus textos científicos: ciência em forma de romance e ao mesmo tempo um estudo minucioso sobre o conhecimento oceanográfico nos anos 50.

A obra de Rachel Carson é tão importante que o ex-vice-presidente americano Al Gore atribuiu a ela, em seu documentário Uma Verdade Inconveniente, a criação da Agência de Proteção do Ambiente, organismo estatal norte-americano. Ao lado do francês Jacques Cousteau, na década de 50, Rachel foi a responsável por dar impulso à discussão ambientalista em nível mundial, especialmente em relação aos oceanos.

Ela enfrentou empresários de indústrias poluentes (principalmente fabricantes de pesticidas), que tentaram inclusive impedir o lançamento de um de seus livros mais famosos, Primavera Silenciosa, em 1962.

sábado, 11 de setembro de 2010

Vida de Saco

Uma lei aprovada pela Câmara de Santos em fevereiro, sancionada e publicada em março e que passaria a valer a partir de amanhã foi barrada na Justiça. A norma quer obrigar o comércio da Cidade a utilizar embalagens plásticas biodegradáveis ou reutilizáveis para o acondicionamento de produtos . Em outras palavras, a ideia é banir as sacolas de plástico comum do Município.

Consideradas um dos maiores males ao meio ambiente, as sacolinhas de plástico comum poluem mangues e mares, são confundidas com alimentos pelos animais marinhos (as tartarugas são vítimas constantes) e demoram cerca de 300 anos para se decompor na natureza.

Já as biodegradáveis levam poucos meses para desaparecer no meio ambiente e seus resíduos finais não são tóxicos.

Quem acionou a Justiça para impedir a legislação foi o Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo, ou seja, os caras que fabricam sacolas de plástico comum. Eles entraram com uma ação direta de inconstitucionalidade no Tribunal de Justiça. Uma liminar determinou a suspensão da lei até que a ação seja julgada. Agora, a Prefeitura de Santos vai tentar derrubar a liminar.

Abaixo um vídeo de pouco mais de 3 minutos, produção da Querô Filmes intitulada Vida de Saco e gravada em Santos, mostra os estragos que o plástico produz na natureza.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O vai e vem do mar

O Fantástico deu hoje uma matéria (vídeo abaixo) mostrando como o avanço e o recuo do mar estão mudando o mapa do litoral brasileiro. Sou suspeita para falar, já que eu adoro o tema, mas o resultado da reportagem ficou bem interessante. Primeiro porque a equipe percorreu toda a costa brasileira para mostrar exemplos reais. Um deles, na Ilha do Cardoso, que eu já fiz matéria (é só ver aqui). Depois porque não se limitou a falar de aquecimento global e da culpa do homem nesse processo.


É claro que temos culpa sobre quase tudo que está acontecendo. Mas não dá para esquecer a mão da natureza. Neste ponto, achei a matéria coerente porque deixou claro que as praias são ambientes absolutamente dinâmicos. O avanço e o recuo do mar simplesmente acontecem. Mas é inegável que ocupamos áreas que não deveríamos e que aceleramos as coisas.


A matéria (não apenas o conteúdo, mas também o tom dela) me lembrou algo que aconteceu em Santos há cerca de duas semanas. Uma ressaca causou estragos na orla e carregou muita areia da Ponta da Praia para o Canal 2. Até aí nenhuma novidade. Tudo bem que o Canal 2 ficou completamente assoreado. Desapareceu. Mas, sempre que há ressacas mais fortes muita areia é retirada da Ponta da Praia. Além disso, areia se movendo sentido São Vicente é o natural. Ela sempre fez esse movimento.


No entanto, como atualmente o canal está sendo dragado para aumentar a capacidade do Porto de Santos, ficou a dúvida sobre até que ponto essa ação não seria culpada pelo estrago. E se não seria o caso de a Codesp pagar a conta do prejuízo.


Ora, não sejamos hipócritas. Há décadas a Ponta da Praia está “emagrecendo”. No entanto, é claro que devemos ficar atentos a influência da dragagem nesse processo. Cavar o fundo do canal pode não apenas acelerar a erosão na Ponta da Praia, em Santos, e no Góes, em Guarujá, como também gerar outros inúmeros prejuízos. Tanto que uma das exigências do Ibama no licenciamento da dragagem foi o monitoramento dos possíveis efeitos desse processo nas praias.


Mas, muito mais grave que essa questão levantada somente agora, na minha opinião, foi precisarmos de uma ressaca tão forte para que, finalmente, pudéssemos ter acesso a algo deveria ser desde sempre público.


Foi apenas depois dos estragos da ressaca, durante uma reunião entre as prefeituras de Santos, Guarujá e a Codesp que um acordo foi firmado neste sentido. Pelo visto, se não houvesse um evento dessa proporção não existiria esse compromisso. Agora, finalmente a estatal se comprometeu a entregar às secretarias de Meio Ambiente das duas cidades relatórios semestrais e informativos mensais sobre a dragagem e o perfil das praias da região.


Só lembrando de um detalhe: o dinheiro que está pagando esse monitoramento é público, assim como o Porto. Então se esse dinheiro é seu, é meu, é de todos nós, é meio óbvio que tenhamos o direito de saber o que está acontecendo.


domingo, 25 de julho de 2010

Diariamente, a luta pela sobrevivência no mar

Todos os dias uma guerra é travada no mar. Animais marinhos lutam para sobreviver. A batalha é dura e inclui os homens e suas atividades econômicas, escassez de alimentos e adversidades do clima.

Foram esses ingredientes que me levaram a experimentar emoções distintas sobre um mesmo tema em um curto espaço de tempo. Fui da alegria à tristeza. E faço questão de registrar meus sentimentos aqui justamente por se tratar de uma de minhas paixões: o mar.

Tive oportunidade de conhecer de perto o trabalho de um pessoal que passei a admirar ainda mais. A dedicação dos profissionais para salvar animais marinhos é antes de tudo inspiradora. Estou falando do Grupo de Resgate e Reabilitação de Animais Marinhos (Gremar), formado por veterinários, biólogos, oceanógrafos, estudantes e voluntários.


Em cerca de 15 dias, estive com Gremar duas vezes. Na primeira para escrever uma matéria sobre o trabalho do grupo. Na segunda para contar a história de Sininho, um golfinho fêmea encontrado na Praia do Sino, em Ilhabela e levado à Ilha dos Arvoredos, em Guarujá, para ser tratado no Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (Cram) Reviva (para ler as matérias, basta clicar nas imagens e depois clicar no canto inferior delas para expandir).

Extremamente debilitado por ter se afogado, o mamífero lutou muito para sobreviver. No trajeto entre Ilhabela e Guarujá, feito em um caminhão, por pouco não morreu. Já em um reservatório da Ilha dos Arvoredos, precisou da ajuda dos profissionais e de suporte para nadar. E, durante 12 dias, foi preciso vigiar dia e noite para que Sininho não afundasse na água e morresse.

O afogamento do golfinho foi resultado de uma captura acidental. Com marcas de rede no corpo e anzóis presos na boca, ficou claro que Sininho se feriu porque se deparou com o homem e uma de suas atividades econômicas: a pesca. Por causa disso, acabou com o pulmão cheio de água e comprometido.


A história do golfinho mobilizou outros grupos e profissionais que ajudaram no tratamento. Mas infelizmente, neste capítulo da guerra entre a natureza e o homem foi o meio ambiente que levou a pior e perdeu a batalha. Sininho teve insuficiência aguda respiratória e morreu no último dia 20. Como disse, fui da alegria à tristeza.

Para piorar, começaram a chegar ao litoral outros animais. Todo o ano é assim. No inverno, quando eles estão migrando, muitos acabam perdidos de seus grupos e encalhados nas praias. O problema é que neste mês, uma frente fria associada ao mar agitado acabou arrastando para a Baixada Santista quase 600 animais marinhos. A maioria, pinguins-de-magalhães e mortos. Os poucos que sobreviveram estão nas mãos de profissionais como os do Gremar, que lutam em terra para recuperá-los e devolvê-los ao mar.

domingo, 30 de maio de 2010

Os barcos, o mar, a pesca. Algumas paixões (5)





É Doce Morrer No Mar (Dorival Caymmi)
É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar
É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar

Fotos na sequência: Ilha do Cardoso (SP), Rio São Francisco (AL) e Paraty (RJ)

domingo, 9 de maio de 2010

Os barcos, o mar, a pesca. Algumas paixões (4)


Velho Pescador (Dorival Caymmi)
Joga a rede no mar
Deixa o barco correr
O que ela recolher,
não pode reclamar,
a sorte e quem mandou
Esta vida é um mar
Deixa a onda bater
Fotos na sequência: Rio de Janeiro (RJ), Búzios (RJ) e Rio São Francisco (AL)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Os barcos, o mar, a pesca. Algumas paixões (3)



Pescaria (Dorival Caymmi)
Ô canoeiro bota rede,

bota rede no mar
ô canoeiro bota rede no mar.
Cerca o peixe, bate o remo,

puxa corda, colhe a rede,
ô canoeiro puxa rede do mar.






Fotos na sequência: Búzios (RJ), Iguape (SP) e Búzios (RJ)

sábado, 17 de abril de 2010

Os barcos, o mar, a pesca. Algumas paixões (2)

Mais algumas fotos que têm o mar como pano de fundo e Dorival Caymmi como trilha sonora.




O mar (Dorival Caymmi)
O mar quando quebra na praia

É bonito, é bonito
O mar... pescador quando sai

Nunca sabe se volta, nem sabe se fica
Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos
Nas ondas do mar



Fotos na sequência: Calhetas/Cabo de Santo Agostinho (PE) e Paraty (RJ)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Os barcos, o mar, a pesca. Algumas paixões (1)



Sempre fui apaixonada pela relação do homem com o mar. Exemplo disso é a quantidade de imagens que costumo registrar de barcos de pesca e de pescadores. E para ilustrar uma sequência de fotos com esse tema, nada melhor do que Dorival Caymmi, que (en) cantou o mar como nenhum outro



Suíte do pescador (Dorival Caymmi)
Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer
Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer
Fotos na sequência: Paraty (RJ), Ubatuba (SP) e Iguape (SP)

terça-feira, 30 de março de 2010

Redescobrindo Paraty

Cada vez que vou à Paraty, essa pequena cidade do Estado do Rio de Janeiro, descubro uma imagem nova, um ângulo diferente, uma luz natural que ainda não tinha percebido. Talvez por isso, aos meus olhos ela pareça tão mágica. O melhor de ir à Paraty é redescobrir Paraty.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Déficit habitacional sem fim


Dia 26 de janeiro Santos fez aniversário. Com 464 anos, o município está longe de ser um lugar perfeito, como acham muitos de seus filhos. Considerada a “capital” da Baixada Santista, Santos (ou o Reino, como costumo me referir à cidade com ironia) ainda tem muitos problemas sociais a resolver. O déficit habitacional, por exemplo, mostrado em reportagem minha e da repórter-fotográfica Nirley Sena (é só clicar a imagem acima para ler), é um deles.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Entra ano, sai ano, e ninguém faz a lição de casa


Ironia
Cascadura. Quanta ironia no nome do lugar onde a pequena Mariana Veras dos Passos, de 3 anos, morava. A casa da família da menina, no bairro da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, desabou em decorrência das chuvas que atingiram a cidade no dia 31 de dezembro. O pai e a mãe da garota morreram, mas ela, depois do esforço dos bombeiros num resgate que durou seis horas, foi retirada dos escombros com vida. Infelizmente, no dia seguinte, Mariana não resistiu aos ferimentos e morreu. No final a casca (a casa) que deveria proteger seus moradores não era tão dura assim.


A imagem da menina sendo resgatada, registrada pela Rede Globo, é uma das mais emocionantes dos últimos dias. Desde que começou a chover, 76 pessoas (até as 22 horas do dia 2 de janeiro) já morreram em três estados brasileiros: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Este último com o maior número de casos, resultado principalmente dos deslizamentos de terra no sul do estado. Somente em Angra dos Reis foram resgatados 41 corpos até agora.


Águas claras
Paraitinga, em tupi-guarani significa águas claras. E foi justamente o banho de águas do rio que leva esse nome que acabou apagando parte do passado da cidade de São Luiz do Paraitinga, na região do Vale do Paraíba. A chuva fez o nível do rio Paraitinga subir mais de dez metros, inundando tudo. Agora, o Município do Estado de São Paulo com a maior quantidade de casarões históricos tombados pelo patrimônio, está praticamente coberto pelas águas claras.


O resultado da destruição foi confirmado neste sábado, quando um dos principais cartões postais do município, a igreja de São Luis de Tolosa, construída no século 19, ruiu. A imagem flagrada pela Band é também uma das mais comoventes deste início de ano.


Lazareto
Não é de hoje que a Ilha Grande, no sul do Estado do Rio de Janeiro, encanta os olhos de seus visitantes. Nem mesmo D. Pedro II quando visitou o local, em 1863, resistiu a tanto encantamento. Tanto que adquiriu a Fazenda do Holandês (hoje, Vila do Abraão) e a de Dois Rios.

Curiosamente o local que abrigou durante anos (no século 19) o Lazareto, que serviu de centro de triagem e quarentena para os passageiros enfermos que chegavam ao Brasil (mais especificamente nos casos de cólera), e que nesta semana se transformou em palco da maior quantidade de vítimas fatais (28, até as 22 horas deste sábado) dessa tragédia provocada pelas chuvas, hoje não tem sequer um hospital. A Ilha Grande conta apenas com atendimento médico prestado em um posto de saúde. Casos mais graves têm que ser encaminhados para o hospital de Angra dos Reis.

Mais curioso ainda é saber que o fato de não ter hospital fez alguns turistas desistirem da viagem de Réveillon que haviam programado para Ilha Grande.


Aprendemos?
Impossível não lembrar da tragédia de Santa Catarina, Estado que em novembro de 2008 perdeu 126 vidas, vítimas de deslizamentos e inundações provocados pela chuva. Pior: concluir que pouco mais de um ano depois não aprendemos nada com essa lição.


Mais difícil ainda é não pensar na Baixada Santista e não comparar as situações. A região tem milhares de habitações construídas em áreas de risco ao longo da Serra do Mar e que podem despencar a qualquer momento ou ficar soterradas, dependendo da intensidade das chuvas.

O problema é justamente este: a ocupação desordenada é sempre chancelada pelo Poder Público. Seja porque autorizou a construção de condomínios luxuosos e mansões em áreas de Mata Atlântica ao longo do litoral de São Paulo, seja porque não impediu as invasões pela população de baixa renda de regiões, como por exemplo, a ocupada pelos bairros Cota, em Cubatão.

No entanto, quando acontece uma tragédia dessa proporção o mesmo Poder Público age como se não tivesse nenhuma culpa, afinal sobre a natureza em fúria ninguém tem controle, certo? Errado. É justamente a mão do homem que está provocando esse comportamento da natureza.

Mas se um governo não consegue sequer proteger uma serra, como exigir que líderes mundiais gananciosos se comprometam num acordo formal a abrir mão de riqueza na tentativa de diminuir a emissão de gases de efeito estufa, freando o aquecimento global do planeta, e diminuindo fenômenos naturais como esses que destroem famílias inteiras?

Enquanto conferências do clima como a de Copenhague fracassarem sempre, tragédias como a de Angra dos Reis, que alimentaram a mídia (gananciosa pela desgraça alheia) continuarão existindo.