domingo, 25 de julho de 2010

Diariamente, a luta pela sobrevivência no mar

Todos os dias uma guerra é travada no mar. Animais marinhos lutam para sobreviver. A batalha é dura e inclui os homens e suas atividades econômicas, escassez de alimentos e adversidades do clima.

Foram esses ingredientes que me levaram a experimentar emoções distintas sobre um mesmo tema em um curto espaço de tempo. Fui da alegria à tristeza. E faço questão de registrar meus sentimentos aqui justamente por se tratar de uma de minhas paixões: o mar.

Tive oportunidade de conhecer de perto o trabalho de um pessoal que passei a admirar ainda mais. A dedicação dos profissionais para salvar animais marinhos é antes de tudo inspiradora. Estou falando do Grupo de Resgate e Reabilitação de Animais Marinhos (Gremar), formado por veterinários, biólogos, oceanógrafos, estudantes e voluntários.


Em cerca de 15 dias, estive com Gremar duas vezes. Na primeira para escrever uma matéria sobre o trabalho do grupo. Na segunda para contar a história de Sininho, um golfinho fêmea encontrado na Praia do Sino, em Ilhabela e levado à Ilha dos Arvoredos, em Guarujá, para ser tratado no Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (Cram) Reviva (para ler as matérias, basta clicar nas imagens e depois clicar no canto inferior delas para expandir).

Extremamente debilitado por ter se afogado, o mamífero lutou muito para sobreviver. No trajeto entre Ilhabela e Guarujá, feito em um caminhão, por pouco não morreu. Já em um reservatório da Ilha dos Arvoredos, precisou da ajuda dos profissionais e de suporte para nadar. E, durante 12 dias, foi preciso vigiar dia e noite para que Sininho não afundasse na água e morresse.

O afogamento do golfinho foi resultado de uma captura acidental. Com marcas de rede no corpo e anzóis presos na boca, ficou claro que Sininho se feriu porque se deparou com o homem e uma de suas atividades econômicas: a pesca. Por causa disso, acabou com o pulmão cheio de água e comprometido.


A história do golfinho mobilizou outros grupos e profissionais que ajudaram no tratamento. Mas infelizmente, neste capítulo da guerra entre a natureza e o homem foi o meio ambiente que levou a pior e perdeu a batalha. Sininho teve insuficiência aguda respiratória e morreu no último dia 20. Como disse, fui da alegria à tristeza.

Para piorar, começaram a chegar ao litoral outros animais. Todo o ano é assim. No inverno, quando eles estão migrando, muitos acabam perdidos de seus grupos e encalhados nas praias. O problema é que neste mês, uma frente fria associada ao mar agitado acabou arrastando para a Baixada Santista quase 600 animais marinhos. A maioria, pinguins-de-magalhães e mortos. Os poucos que sobreviveram estão nas mãos de profissionais como os do Gremar, que lutam em terra para recuperá-los e devolvê-los ao mar.

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