domingo, 8 de maio de 2011

Desejos vãos

Eu queria ser o mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!

Eu queria ser a pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!


Eu queria ser o sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!


Mas o mar também chora de tristeza…
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos céus, os braços, como um crente!


E o sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as pedras… essas… pisa-as toda a gente!
(Desejos vãos, Florbela Espanca)


(Foto: Fim de tarde em Cananeia/SP)

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