sexta-feira, 26 de agosto de 2005

À margem


12 mil pessoas dentro de palafitas, sobre o rio. O cenário, invariavelmente pobre, é real e fica na Vila dos Pescadores, em Cubatão. Um breve passeio de barco - que revela paisagens e belezas naturais inesquecíveis, como as presenças do guará-vermelho e da garça azul - é suficiente para surpreender o olhar até dos mais distraídos. Diante de tanta desigualdade, ali se tem a noção exata do que é ser marginalizado (= estar à margem). No caso, à margem do rio e do restante da sociedade cubatense.
Por ironia do destino, Cubatão é dona do primeiro Parque Industrial do Brasil, considerado até hoje um dos mais importantes do Estado de São Paulo. Graças as suas indústrias, a cidade registrou, de acordo com o estudo Produto Interno Bruto dos municípios brasileiros 1999/2002, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior PIB da Região Metropolitana da Baixada Santista.
No país, Cubatão ficou com a 39ª colocação, à frente, inclusive, de Santos (que ficou com o 45º lugar), cidade mais desenvolvida da região. Mais incrível ainda é o item renda per capita (PIB dividido pelo total de habitantes), mostrado no mesmo estudo. Cubatão registrou R$ 40.337. Em suma, a Vila dos Pescadores é o oposto do que o município representa economicamente. São dois mundos dentro de uma única cidade.

Um comentário:

Gustavo Miranda disse...

Cubatão consegue representar, perfeitamente, a realidade nacional. Somos campeões em renda per capita, refinamos petróleo e temos tudo para ser uma cidade com a qualidade de vida lá em cima. E por que isso não deu certo? É o q dá o esquema sistêmio de aparelhamento e "sugamento" do Estado.